12/09/2016

Ela é outra.


      



 Ela está muito diferente desde a última vez que há vi. Ela não chora mais como uma menininha pedindo colo. Ela é outra. Agora ela é uma mulher. 
       No nosso último encontro, ela estava destruída. Era perceptível, a qualquer um que olhasse em seus olhos, tais que revelavam a noite anterior, mal dormida, olhos inchados e vermelhos de tanto derrubarem lágrimas. Sua falta de alegria era nítida, quando se contava algo que antigamente ela morreria de rir, mas que naqueles dias apenas mostrava um sorriso forçado. A vontade de passar o dia inteiro na cama, ouvindo músicas, vendo fotos, lendo antigas mensagens a dominava, mesmo que seus amigos a chamassem para sair. E até mesmo a vontade de mergulhar nos estudos, viajar nas histórias tais como, Grécia Antiga, Império Romano e idade média não existiam.  Ela estava se modificando. Tinha perdido o brilho no olhar, não sorria mais verdadeiramente. E isso a estava matando aos poucos. 
       Ela se sentia completamente sozinha. Sentia que tinha perdido sua base, seu chão. E tentava lutar todos os dias contra o sentimento de solidão, culpa e arrependimento. Pensava “ eu poderia ter sido uma pessoa melhor” “ eu poderia ter mudado em quanto havia tempo” “ eu poderia ter tentado ser outra” “ eu poderia ter feito tudo diferente”, e do fundo de ser seu, desejara ter uma nova chance. De estar em seus braços novamente. 
        Mas chegou um dia, em que simplesmente, abriu os olhos. Olhou-se no espelho. Notou seus olhos vermelhos, cabelo despenteado, roupas feias, perda de peso. Parou por alguns minutos, para encarar-se, encarar a realidade. Depois de algumas horas, algumas reflexões, algumas lembranças, percebeu que nada naquilo valia a pena. Sentia falta de algumas coisas. Sentia falta de se arrumar, ela gostava. Mesmo que fosse para ir apenas ao mercado, ela queria sempre estar bonita apresentável. Ela dizia que nunca se sabe o que pode acontecer, e que podemos a qualquer momento, encontrar o amor de nossa vida, e temos que estar, no mínimo, bonitos. Sentia falta de sua maquiagem, não usava muita, mas sempre estava com seus batons escuros nos lábios. Sentia falta de suas risadas. Poderia ser o comentário mais sem graça, porém, ela sempre encontrava algum motivo para gargalhar. Sentia falta da alegria. Sentira falta de seu sorriso tímido. E naquele momento, ela decidira que seria outra. Nunca perdendo sua essência, mas seria tudo aquilo que sempre quis ser. Deixaria de ser uma criança, que sempre é dependente, que sempre deixa se influenciar. Decidira que seria ela, somente ela, não o que os outros queriam que ela fosse. 
      Ah, como essa garota está diferente. Está até mais bonita. Hoje ela pode estar com uma camiseta de banda e um short, e amanhã, com um vestido de flores, e depois, com a roupa mais sexy que você possa imaginar. Está mais segura, mais dona de si. Está com um sorriso estampado no rosto. E não por não amar, mas sim por amar a si mesma e gostar do que é. Ela está menos tímida, mas ainda com seu charme. Ela está mais imponderada, acredita e busca. Ela está mais leve, sem muitas preocupações, sem muitas cobranças. Ela está focada em si e com mais sonhos do que nunca. Ela está feliz. È claro que a dor ainda está lá. E ainda permanecerá por muito tempo, mas agora, ela sabe lidar com tudo isso. Ela ainda continua a ser a de sempre, boa, ingênua, tímida, responsável, alegre, inteligente, caridosa… Porém, ela não é mais aquela garotinha que sempre derruba as lágrimas. Ela as engole. Ela é forte, muito mais do que eu pensava. Ela conseguiu superar toda aquela dor, que parecia nunca ir embora.

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